Trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da Escola de Arquitetura e entregue ao Ministério Público de Minas Gerais
Bento Rodrigues, subdistrito de Santa Rita Durão, localizado a 24km de Mariana (MG), foi o primeiro local atingido pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015.
A tragédia praticamente varreu a comunidade do mapa, e sua memória tornou-se considerada como referência para compreender a ideia de crime ambiental no Brasil. Pesquisadores da Escola de Arquitetura da UFMG desenvolveram, ao longo de três anos, uma densa pesquisa no local, que resultou na produção de dossiê que contribuirá para o tombamento de Bento Rodrigues como sítio de memória sensível.
Segundo o professor Leonardo Castriota, que coordena o trabalho e preside o Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), durante muito tempo o valor de um patrimônio era atrelado apenas à sua materialidade e a situações vitoriosas ou felizes. No entanto, também é importante preservar as memórias dolorosas decorrentes de acontecimentos traumáticos, como é o caso daquela se formou a partir do rompimento da barragem em Bento Rodrigues.
A produção do dossiê envolveu cerca de 30 pesquisadores, entre alunos de mestrado e de doutorado de diferentes cursos da UFMG. Elaborado em conjunto com a população, o documento reúne mais de 400 páginas com fotos, depoimentos, dados e análises realizadas pelos autores e foi entregue ao Ministério Público de Minas Gerais, em 24 de maio.