NO dia 25 de julho de 1932, há 86 anos, falecia a advogada e feminista cocaiense Elvira Kommel, uma das responsáveis pelo voto feminino no Brasil na década de 1930. O presidente da Câmara Municipal de Barão de Cocais, vereador Leonei Morais Pires, lembrou a morte de Elvira |Kommel, nascida no distrito de São João do Morro Grande, hoje Barão de Cocais, no dia 24 de junho de 1906 (em plena festa de São João Batista, padroeiro do lugar) sendo filha de Josseff Ernest Kommel, de origem austríaca, especialista em montagens hidráulicas e da dona de casa Marieta Correia Guedes, irmã de Carolina Correia Guedes, avó da engenheira cocaiense Elmás Syrio da Silva Vital, casada com o jornalista e escritor cocaiense J.D. Vital, consultor da CBMM, de Araxá.
O vereador Leonei Pires, pesquisador e biógrafo de Elvira Kommel, cujos familiares mantém contato, conta que ela estudou o primário no distrito de Morro Grande (Barão de Cocais) fez o curso ginasial na cidade de Viçosa, entre 1921 e 1924, sendo considerada excelente aluna. Contrariando os costumes da época, deixou Minas Gerais, para estudar Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, então capital federal. Durante os estudos universitários ela trabalhou gratuitamente como datilógrafa para o Instituto de Surdos-Mudos, inserindo -se em contexto de assistência social. Elvira Kommel foi a primeira mulher advogada de Barão de Cocais e a primeira de Mina Gerais, a atuar no Fórum de Belo Horizonte, enfrentando o então promotor de Justiça, Afonso Arinos de Mello Franco, futuro escritor, deputado, senador e ministro de Relações Exteriores. Ela ficou conhecida também por desafiar os juízes conservadores da época.
Elvira Kommel se interessava por filosofia, lia muito sobre os clássicos da literatura brasileira, sendo amiga do poeta, jornalista e escritor Carlos Drummond de Andrade e do escritor e jornalista Cyro dos Anjos. Ainda, foi fundadora do Batalhão Feminino João Pessoa, que reunia mulheres durante a Revolução de 1930, liderado por Getúlio Vargas. Mais tarde, Elvira transformou o batalhão em associação feminina, após a revolução vitoriosa. Organizou o I Congresso Feminino Mineiro, em Belo Horizonte, , entre os dias 21 a 26 de junho de 1931. A sua grande conquista foi o trabalho pela interpretação do artigo nº 70 da Constituição Federal da época, que dava direito de voto somente para os homens. Elvira interpretou o referido parágrafo que não vetava os votos das mulheres e assim se inscreveu como eleitora, tornando-se a primeira mulher a votar no Brasil e conseguir junto à primeira dama Alzira Vargas, esposa de Getúlio Vargas, a sancionar o direito do voto feminino. Em junho de 1932, deslocando-se para a cidade de Juiz de Fora, onde pronunciou diversas palestras sobre a Revolução de 1930 e seu caráter político. Ela estava se preparando para candidatar-se para o Senado estadual, quando no regresso a Belo Horizonte, sentiu fortes dores de cabeça e veio a falecer no dia 25 de junho de 1932, há 86 anos, com apenas 25 anos de idade, sendo sepultada no Cemitério do Bonfim, na capital mineira.
*Leonel Marques