Jacatupé, bertalha ou jambu estão entre os legumes raros cultivados em Manhuaçu (MG)

Você já ouviu falar ou experimentou jacatupé, bertalha ou jambu? Provavelmente não, pois estas são consideradas hortaliças não convencionais e que, por isso mesmo, não encontramos facilmente no mercado. Mas, em Manhuaçu, Zona da Mata mineira, esta história está mudando. A Emater-MG – vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) –  tem estimulado agricultores familiares a cultivar e comercializar estas e outras hortaliças não convencionais.

Na propriedade do Geraldo Moreira é fácil encontrar jacatupé, bertalha ou jambu. Para quem não sabe, jacatupé é uma leguminosa. A mesma da família do feijão, porém, é consumida somente a raiz e não as vagens. A raiz pode ser preparada crua em saladas e o sabor lembra uma pera.

 

 

Já a bertalha, também conhecida como espinafre indiano, é muito consumida no Rio de Janeiro. A forma mais comum de preparo é com as folhas refogadas. O jambu é uma planta muito difundida no Norte do Brasil. As folhas são utilizadas no preparo do tacacá, um prato típico da região. A planta deixa o prato com sabor exótico.

Essas e outras hortaliças da propriedade do Geraldo Moreira são cultivadas sem o uso de agrotóxicos e vendidos na Feira da Agricultura Familiar de Produtos Agroecológicos. “São alimentos saudáveis e de qualidade”, diz o produtor. Foi a partir das orientações dos técnicos da Emater-MG que ele decidiu cultivar as plantas. “Foi uma boa ideia. Os consumidores têm gostado. Eu recebo até encomendas”, afirma Moreira.

Banco de hortaliças
A propriedade do Geraldo Moreira foi a escolhida para manter um banco de hortaliças não convencionais no município. São 31 espécies de hortaliças. As sementes e mudas foram doadas pela Emater-MG. “Com o passar do tempo as variedades mais comuns e comerciais foram tomando conta da mesa do brasileiro, assim, essas hortaliças foram esquecidas”, explica a extensionista da Emater-MG, Katya Louzada.

O banco tem a função de distribuir mudas e sementes para agricultores interessados. Com isso, espera-se ampliar o cultivo dessas hortaliças consideradas “raras” no município.

“O objetivo é mostrar aos agricultores e clientes da feira as variedades de hortaliças que temos, que podem diversificar a nossa alimentação. E também resgatar alimentos utilizados por nossos antepassados”, diz Katya Louzada.

Em Manhuaçu, são 12 agricultores enolvidos. Eles também comercializam seus alimentos na Feira da Agricultura Familiar de Produtos Agroecológicos e recebem acompanhamento da Emater-MG.

Na propriedade de Dayse Muniz, a cafeicultura é o carro-chefe. A produção e venda de hortaliças são uma opção de renda extra. A ideia de cultivar hortaliças não convencionais veio da Emater-MG. “Foi a empresa que trouxe a ideia. Nós adaptamos e estamos satisfeitos”, diz.

Dayse Muniz cultiva, sem o uso de agrotóxicos, vinagreira, peixinho e capuchinha, todos comercializados na Feira da Agricultura Familiar de Produtos Agroecológicos. “Tem saído bem. O pessoal gosta bastante. Eles matam a saudade, porque há muito tempo não encontravam essas hortaliças”, conta.

A implantação de bancos de hortaliças não convencionais em Minas Gerais é uma iniciativa da Emater-MG, Embrapa Hortaliças, Epamig, Universidade Federal de Viçosa, institutos federais, associações e prefeituras.

Ao todo são 55 bancos comunitários de multiplicação e conservação de hortaliças não convencionais. Segundo o coordenador estadual de Olericultura da Emater-MG, Georgeton Silveira, “a constituição dos bancos nas comunidades amplia a oportunidade de ocupação e renda para os agricultores, além de diversificar a alimentação e resgatar hábitos alimentares e tradições esquecidas”.

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