A pesquisa “Viver em São Paulo: Segurança”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência e divulgada nesta sexta (05), apresenta dados sobre a percepção da população paulistana acerca de questões relacionadas à segurança pública na capital paulista.
Administração municipal
O levantamento revela que mais da metade da população paulistana avalia negativamente a atuação da administração municipal na área de segurança pública. Para 56% das pessoas entrevistadas, a atuação é “ruim ou péssima”, enquanto para 31% é “regular” e apenas 11% avaliam como “ótima”.
A avaliação negativa da administração municipal na área da segurança pública chega a 62% entre os mais velhos; 61% entre os que têm renda familiar mensal entre 2 e 5 salários mínimos e 60% entre as mulheres.
Percepção da violência na cidade
Para 76% das paulistanas e paulistanos, a violência vem crescendo na cidade de São Paulo nos últimos 12 meses. Já 19% consideram que não cresceu, é sempre a mesma. Apenas 4% afirmam que a violência diminuiu e 1% não sabe ou não respondeu.
Essa sensação de crescimento da violência chega a 83% entre as mulheres, a 82% entre os que possuem de 45 a 54 anos, a 80% entre aqueles com renda familiar mensal até 2 salários e entre quem pertence à classe C.
Vítimas de violência
A pesquisa mostra aumento significativo em todas as situações de violências vivenciadas pelos entrevistados que foram avaliadas pela pesquisa. Ainda, aponta que 53% dos domicílios têm uma ou mais pessoas vítimas de alguma dessas situações nos últimos doze meses.
O número de vítimas de roubo ou furto teve um aumento de 16 pontos percentuais em relação a 2018, chegando a 41%; enquanto o número de pessoas que sofreu algum tipo de preconceito ou discriminação é de 29%, significando um aumento de 15 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Além disso, 17% declaram ter sofrido agressão física, tendo um aumento de 9 pontos percentuais em relação a 2018; e 17% foram vítimas de assédio sexual, com um aumento de 12 pontos percentuais em relação a 2018.
O crescimento de ocorrências de violência vivenciadas pelas pessoas entrevistadas ou alguém de seu domicílio é relatado em todas as regiões da cidade. O aumento em relação a 2018 das menções a roubo e furto é maior nas regiões Norte e Sul (subiu de 22% para 39% nas duas regiões); as declarações de preconceito ou discriminação cresceram mais na região Sul, passando de 12% para 28%. Já no Centro, as ocorrências de agressões físicas cresceram de 6% para 22%, assim como as menções ao assédio sexual, que passaram de 7% para 25%.
Falta de segurança e medo
O medo da violência ou a falta de segurança faz com que 47% da população paulistana deixe de “andar a pé durante noite”. Somado a isso, 43% deixam de “sair à noite” e 41% deixam de “andar com dinheiro”. Estas foram as situações mais citadas entre as 20 apresentadas na pesquisa, tendo o entrevistado a possibilidade de mencionar mais de uma opção, seguidas de “circular por alguns bairros ou ruas da cidade” (32%); frequentar eventos públicos como Virada Cultural, Carnaval de rua, festas populares (28%); fazer compras em lugares de grande circulação de gente como o bairro do Brás ou rua 25 de Março (24%); ir ao centro da cidade (23%). Apenas 8% declaram não deixar de fazer alguma coisa por medo da violência.
Os resultados dessa pergunta revelam que as mulheres tendem mais a deixar de andar a pé à noite por medo de violência, em comparação aos homens (51% mulheres; 41% homens).
Já a maioria da população paulistana considera o bairro onde mora “pouco” ou “nada seguro” para viver – 25% “nada seguro”; 51% “pouco seguro”; 21% “seguro”; 2% “muito seguro”. A percepção de o que bairro onde mora é seguro é maior entre as pessoas que moram no Centro (44% “seguro” ou “muito seguro”) e na região Oeste (32% “seguro” ou “muito seguro”).
As pessoas que dizem que o bairro onde moram é “nada seguro” são as que mais mencionam ter ocorrido, com ela própria ou com alguém do domicílio, alguma situação de violência.
Violência policial
86% das pessoas entrevistadas declaram que não sofreram algum tipo de agressão física ou verbal da Polícia Militar nos últimos 12 meses. Entre as pessoas que declaram ter sofrido, 6% são a própria pessoa entrevistada – e jovens são quem mais mencionam ter sofrido; 4% alguém que mora na sua casa; e 2% a própria pessoa e mais alguém do domicílio.
Menções à agressão física ou verbal provenientes de algum policial militar são maiores entre as pessoas que moram no Centro (17% – a própria pessoa, alguém do domicílio ou ambos) e menores entre quem mora na região Oeste (91% – ninguém).
Opinião
A pesquisa aponta, também, que 78% das pessoas entrevistadas são a favor da prisão perpétua para crimes hediondos e 75% são a favor da redução da maioridade penal. Em relação à pena de morte, 46% são favoráveis e 46% são contra. Pessoas autodeclaradas pretas e pardas se posicionam de forma mais contrária à pena de morte (50%) do que pessoas autodeclaradas brancas (43%).
Já em relação às armas de fogo, 73% são contra o porte e 68% são contra a flexibilização da posse. Mulheres são mais contrárias à flexibilização da posse de arma de fogo do que homens (75% mulheres, 60% homens)
Sobre a pesquisa
O levantamento foi realizado no município de São Paulo, em abril de 2019. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados totais.
A pesquisa “Viver em São Paulo: Segurança” faz parte da série “Viver em São Paulo”, iniciada em 2018, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. Os levantamentos são apresentados mensalmente com recorte temáticos.