PSOL exige informações de participação do governo Bolsonaro em golpe na Bolívia
A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados apresentou Requerimento de Informação n. 1622/2019, pelo Deputado Ivan Valente (PSOL/SP) ao Itamaraty nesta terça-feira (12) para que o chanceler Ernesto Araújo esclareça se o Brasil teve alguma participação na articulação política que levou ao golpe cívico-militar do último final de semana na Bolívia, que levou à queda e exílio do então presidente Evo Morales.
A solicitação do PSOL exige a publicização de todos os telegramas internos do Itamaraty e outras formas de comunicação que envolvam a avaliação da situação política no país vizinho durante o ano de 2019.
O PSOL alerta que caso a informação não seja prestada, o Itamaraty cometerá crime de responsabilidade. O documento, por exemplo, pergunta se o líder da oposição boliviana, Luis Fernando Camacho, se reuniu ou se comunicou com o ministro Ernesto Araújo direta ou indiretamente em 2019.
O Itamaraty já afirmou ao jornal O Globo que, em 2 de maio, houve uma reunião com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) na qual ela estava acompanhada de Camacho e alguns parlamentares bolivianos.
Nos últimos dias vieram à tona áudios de articuladores do golpe de extrema-direita na Bolívia, revelados pelo jornal El Periódico, que tratam da interferência direta das igrejas evangélicas e de “um homem de confiança de Bolsonaro” e seu governo no processo de articulação do golpe.
O PSOL quer saber se o Itamaraty “considera aceitável que o chefe das Forças Armadas de um país faça pronunciamentos coagindo presidentes a renunciarem”, como pergunta o texto enviado nesta terça.
Nota do Itamaraty
Em nota distriuída também nesta terça (12) o Itamaraty informa que “o governo brasileiro acompanha com grande atenção a situação pela qual atravessa a Bolívia após a renúncia de Evo Morales à presidência e sua saída do país.
“O governo brasileiro rejeita inteiramente a tese de que estaria havendo um “golpe” na Bolívia. A repulsa popular após a tentativa de estelionato eleitoral (constatada pela OEA), o qual favoreceria Evo Morales, levou à sua deslegitimação como presidente e consequente clamor de amplos setores da sociedade boliviana por sua renúncia.
“A renúncia de Evo Morales abriu caminho para a preservação da ordem democrática, a qual se veria ameaçada pela permanência no poder de um presidente beneficiado por fraude eleitoral.
A nota acrescenta que “O processo constitucional está sendo preservado na sua integralidade na Bolívia.
“A restauração da paz social na Bolívia depende fundamentalmente da colaboração de todas as forças políticas com o funcionamento normal das instituições e com a transição democrática, rejeitando-se a via da violência.
“O governo brasileiro está pronto a colaborar com as autoridades interinas da Bolívia de modo a contribuir para uma transição pacífica, democrática e constitucional.
“O Brasil deseja manter e aprofundar sua amizade e cooperação com a Bolívia em todas as áreas.”, conclui a nota