O orquidófilo e naturalista José Batista da Silva, ex-fabricante de calçados finos em Barão de Cocais e marido da poetisa e compositora Lygia Maria da Silva, autora do Hino Municipal de Barão de Cocais e fundadora do Coral Yolando dos Santos, na sua primeira fase, no dia 31 de maio (quinta-feira) de 1983, falecia há 35 anos o Mestre Batista, como era chamado pelos membros da Academia de Ciências de Minas Gerais, que vinham visitá-lo como o seu amigo, o médico psiquiatra Athaulpho Costa Ribeiro, companheiro de caminhada pela serra do Caraça e região. José Batista da Silva, nasceu em 1916 em Visconde do Rio Branco, Zona da Mata mineira. Faleceu em Barão de Cocais, aos 67 anos de idade, sendo sepultado no cemitério local. Ele faleceu cinco dias antes da comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira, dia 5 de junho. Ambientalista, orquidófilo e naturalista, todos sabiam da sua luta pela defesa do meio ambiente, principalmente na região do Caraça. Mas, José Batista, não tinha amizade só no Brasil. Mantinha correspondência com várias pessoas no exterior e chegou a ser focalizado na revista Orchid Digest, editada na Inglaterra, pelo jornalista Mr. Norman H. Atkinson. A estudante norte-americana Nancy Rutherford, ao ler a reportagem sobre Mestre Batista resolveu vir para o Brasil e fazer pós-graduação em Botânica na Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com o intuito de conhecê-lo pessoalmente. E ela veio acompanhada de uma colega japonesa nisei Sakamoto e percorreram as montanhas do Caraça, juntamente com o jornalista e historiador Leonel Soares Marques como interprete de Inglês/Japonês. Na ocasião foi encontrado, na serra caracense, um tipo de “Feto vermelho”, planta rara que foi transportada pelos franceses para estufas europeias e mantidas na estufa particular de José Batista, montada no fundo do quintal de sua residência na avenida Getúlio Vargas, onde existia a sua oficina de sapataria. Mestre Batista mantinha na estufa cerca de quase três mil tipo de orquídeas, plantas medicinais e ornamentais, como as orquídeas, bromélias e samambaias. Durante anos, ele estudou a fauna e flora da região do Caraça e do Rio Doce e Piracicaba. Catalogou todos os animais e vegetais, como gramíneas e plantas diversas e raras. Depois do seu falecimento nada restou do seu trabalho desmedido, falha da família Batista, composto dos filhos Marcelo, Sidney, Eyron, Marília, Ronaldo, João Batista, Regina e Yara. Porém, ele deixou uma obra autobiográfica (escreveu o livro não publicado, “Retratos de uma região”) anexo a vários álbuns de fotografias sobre as regiões por onde andou , documentando as plantas e orquídeas no seu “habitat” natural. Com muita paciência e resignação passava até 12 dias nas matas, dormindo debaixo de árvores, grutas ou em casebres e fazendas da região. Os seus eternos companheiros eram quase sempre o sol, a chuva, o frio e o calor, Mas, fazia questão de dizer que sem Deus nada é possível fazer. Mestre Batista ou simplesmente sapateiro José Batista da Silva, orquidófilo, botânico e arqueólogo, foi um dos precursores da ecologia regional, feliz amante da filosofia e da natureza.
*Leonel Marques
Há 35 anos morria o naturalista José Batista da Silva
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