Dupla da Venezuela atua na série ‘Segunda Chamada’, da Globo

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Foto de Gabriel e Rosalva

Rosalva e Gabriel tiveram que deixar a Venezuela em momentos distintos e, no Brasil, não imaginavam que teriam a oportunidade de contracenar com grandes nomes da teledramaturgia. Eles interpretam os personagens Javier e Alejandra na nova série da TV Globo, “Segunda Chamada”. O relato é da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

A série, escrita por Carla Faour e Julia Spadaccini, destaca a história de cinco professores que, dedicados à educação de jovens e adultos, superam dificuldades do ensino público para melhorar as condições de vida dos alunos.

Muitas são as dificuldades que uma pessoa pode enfrentar ao longo da vida, e algumas não são nem ao menos imaginadas.

“Decidimos deixar nosso país quando a segurança da minha família passou a estar diretamente afetada. Dois vizinhos de diferentes famílias foram sequestrados, de repente. Pensamos que, a qualquer momento, o mesmo poderia acontecer com a gente, sem qualquer razão. Então, tivemos que partir”.

Ainda que o relato acima possa parecer uma cena de ficção, trata-se, na verdade, de uma realidade vivida pela venezuelana Rosalva. Engenheira eletricista de formação, ela atuava em sua área de formação e, junto com o marido, tinha um pequeno empreendimento — uma escola de gastronomia que funcionava todos os fins de semana.

Em dezembro de 2015, o casal chegou ao Brasil em busca de proteção internacional. Ainda que o início tenha sido difícil por conta da adaptação cultural, Rosalva se tornou Micro Empreendedora Individual (MEI) para atuar na gastronomia. Só não imaginava que seria contratada pela Rede Globo para atuar na nova série da emissora, “Segunda Chamada”, que estreou na terça-feira (15), às 23h00.

Ao lado de Rosalva, outro nacional da Venezuela também estará na trama. Trata-se de Gabriel, que há um ano chegou ao Brasil e não esperava “conseguir tantas coisas em tão pouco tempo”.

Já adaptado ao dia a dia da cidade de São Paulo, Gabriel afirma que a maior dificuldade inicial foi a questão linguística mas, com o tempo, afirma ter aprimorado o português até se sentir familiarizado com os sotaques. Assim como Rosalva, não passava pela cabeça de Gabriel a ideia de que um dia poderia se ver na televisão, ainda mais no Brasil.

“Quando fiz o teste (seletivo da Rede Globo para o papel), não pensei que poderia ser selecionado, pois havia muitas outras pessoas fazendo o mesmo. Fiquei muito emocionado quando soube do resultado e, se eu tiver a oportunidade de continuar realizando esse tipo de trabalho, farei sem hesitar”, disse.

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) conversou com as diretoras da série para explicar o contexto da chegada das pessoas venezuelanas ao Brasil, considerando as dificuldades que enfrentam para sua integração, mas também destacando a bagagem de vivências e conhecimentos que trazem ao país.

Por meio de seus parceiros em São Paulo, o ACNUR divulgou a vaga no elenco, que se tornou muito disputada entre os candidatos indicados ao papel.

“A participação de pessoas venezuelanas na série, sem que tenham uma formação na área, evidencia a capacidade de adaptação e resiliência dos refugiados, fazendo com que possam se reinventar para somar à sociedade da qual passam a integrar”, afirmou o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

A série “Segunda Chamada”, escrita por Carla Faour e Julia Spadaccini, tem como destaque a história de cinco professores que, dedicados à educação de jovens e adultos, superam dificuldades do ensino público para melhorar as condições de vida dos alunos, como os personagens Javier (Gabriel) e Aljandra (Rosalva).

“A fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus é um caldeirão, um local onde ora a convivência é pacífica ora nem tanto. Mas, em sua essência, é um espaço de acolhimento, no qual as pessoas se sentem recebidas e inseridas socialmente. Com a série, queremos também ressaltar que aquele aluno que não teve oportunidade de estudar quando deveria merece, sim, ser educado”, disse Carla.

De volta à realidade, Rosalva e Gabriel dizem sentir falta de seus familiares. Eles também comercializam pratos típicos da Venezuela em feiras culturais. Ambos afirmam estar agradecidos pela acolhida da população brasileira, e dizem esperar que a série também possa ser bem recebida pelos telespectadores.

“Conhecemos muitos atores que, desde o início, nos receberam de braços abertos. Ver cada um deles atuando foi em si um imenso aprendizado. E a equipe de produção foi única, muito atenciosa com a gente. Estou agradecida pelo povo brasileiro pela oportunidade e espero poder entregar a eles o melhor de mim, seja na série, seja nos alimentos que preparamos”, afirmou Rosalva.

O resultado gastronômico dessa parceria está rodando pelas ruas de São Paulo em feiras culturais, enquanto o papel deles na série poderá ser visto às terças-feiras, a partir das 23h, na Rede Globo.

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